SAÚDE MENTAL | 24.SETEMBRO.2019
Setembro Amarelo: falar sobre suicídio é a melhor forma de prevenção
Presente em todas as culturas ao longo da história da humanidade, o suicídio já foi analisado por diversos estudiosos. Mesmo assim, o ato continua sendo um tabu. Evitar falar sobre o assunto, porém, não tem sido a melhor maneira de lidar com este problema que afeta cada vez mais pessoas.
Contudo, na contramão de outros países, os índices brasileiros de suicídio avançam: de acordo com o Ministério da Saúde, são registradas cerca de 11 mil mortes por ano. Neste contexto, desde 2014, a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), ao lado de outros parceiros, organiza o Setembro Amarelo, uma campanha nacional de prevenção ao suicídio para garantir visibilidade à causa.
Aquele que não deve ser mencionado
Em 1774, logo após a publicação do romance alemão Os Sofrimentos do Jovem Werther, escrito por Johann Wolfgang von Goethe, surgiram relatos de pessoas usando o mesmo método de suicídio que o personagem principal. Desde então, sempre que aparece na arte ou na mídia, o principal argumento para abafar o tema é o “Efeito Werther”, ou seja, a forma como o suicídio é divulgado pode levar a outros casos.
Devido ao silêncio, mitos e preconceitos contribuíram para a formação do estigma, gerando vergonha e discriminação. No entanto, a complexidade do suicídio é, justamente, a razão pela qual a prevenção exige que o tema saia da gaveta e seja debatido pela sociedade de maneira respeitosa e sem sensacionalismo.
Informando para prevenir
De acordo com o Conselho Federal de Medicina (CFM), o suicídio “deve ser encarado como o desfecho de uma sequência de episódios que se acumulam na história do indivíduo”, portanto, não pode ser considerado como causa, mas como consequência.
Sendo assim, o suicídio não significa uma negação da vida, mas daquela que está sendo vivida, por isso ele não é um beco sem saída e devemos ajudar as pessoas que parecem não a ver onde podem encontrá-la.
Quando parecer que alguém está sob risco de suicídio, se mostre aberto a conversar sem pré-julgamentos; não diminua o sentimento dele falando sobre outras pessoas que estiveram em situações piores. Uma abordagem calma e de aceitação, por outro lado, facilita a comunicação.
4 passos para ajudar, segundo o Ministério da Saúde
- Converse. Encontre o momento e lugar adequados, com privacidade para conversar tranquilamente. Deixe a pessoa saber que você está lá para ouvir e ofereça seu apoio.
- Acompanhe. Mantenha contato para acompanhar como a pessoa está se sentindo e o que está fazendo.
- Busque ajuda. Incentive a pessoa a procurar ajuda profissional e ofereça-se para acompanhá-la no atendimento.
- Proteja. Se há perigo imediato, não deixe a pessoa sozinha e assegure-se de que ela não tenha acesso a meios para provocar a própria morte.
Onde buscar ajuda?
- CAPS e Unidades Básicas de Saúde (Saúde da família, Postos e Centros de Saúde)
- UPA 24H, SAMU 192, pronto-socorro, hospitais
- Centro de Valorização da Vida (CVV) – 188 (ligação gratuita)