TRABALHO | 19.ABRIL.2023
Quase metade das mulheres negras sofreram racismo em entrevistas de emprego, diz pesquisa
Apesar do avanço em debates e políticas sobre diversidade dentro das empresas, sobretudo voltadas para o combate ao racismo, quase metade das profissionais negras já sofreram algum tipo de preconceito durante as entrevistas de emprego por conta da cor da sua pele.
De acordo uma pesquisa da plataforma de empregos Infojobs, que ouviu 301 profissionais autodeclaradas pretas e pardas, 49,5% delas afirmam ter sofrido racismo em processos seletivos. Outras 58,8% dizem ter sofrido preconceito em outras situações no mercado de trabalho.
“As respostas são alarmantes e colocam em evidência que é fundamental avançarmos no combate aos preconceitos”, diz Ana Paula Prado, CEO do Infojobs.
Para isso, segundo a especialista, é preciso investir mais na capacitação do profissional de RH, além de criar políticas igualitárias que tornem as empresas mais inclusivas. “Só assim, iremos erradicar comportamentos racistas e machistas das organizações”, afirma.
Desemprego é maior entre mulheres negras
A pesquisa ainda mostrou que, como um reflexo dos preconceitos enfrentados no mercado de trabalho, as mulheres negras e pardas são as mais atingidas pelo desemprego. De acordo com a pesquisa, 71,4% das respondentes não estão empregadas no momento.
A desigualdade é sentida na pele: 83% das respondentes acreditam que, em relação a pessoas brancas, as chances de desenvolvimento profissionais são desiguais para elas. Para 59,1%, a raça interfere antes mesmo de entrar em uma empresa, na hora de conseguir um emprego.
A intersecção entre o racismo e o machismo deixa ainda mais desigual o acesso à oportunidades no mercado de trabalho. Uma pesquisa anterior da Infojobs mostrou que 52,1% das mulheres foram demitidas no último ano. Proporcionalmente a cada grupo, 61,1% das mulheres pretas perderam seus empregos, seguido por 57,1% das mulheres pardas e 47,6% das mulheres brancas.
Nesse cenário, 27,7% das respondentes acreditam que conquistar uma oportunidade é o maior desafio para mulheres, já 26,3% apontam que a obtenção de reconhecimento e crescimento profissional, quando empregadas, é mais complicado. O machismo presente na cultura das empresas também interfere no dia a dia de 20,7%.
“Em 2022 a mesma pergunta foi feita, e os mesmo pontos apareceram em destaque. Isso mostra que é um problema sério e recorrente, que precisa ser trabalhado urgentemente”, afirma Ana Paula.
Texto originalmente escrito para o Exame
https://segurosinteligentes.com.br/oldrh/_old/saude-mental-das-mulheres/