TRABALHO | 15.MAIO.2023
Equipes multigeracionais: Desafios para o RH, oportunidades para os negócios
De acordo com levantamento da It’sSeg, que contou com a opinião de 466 profissionais, um novo cenário se configura no meio corporativo. Segundo a pesquisa, 67% dos entrevistados responderam que possuem colegas de trabalho com mais de 45 anos. Por outro lado, 29% afirmaram que não, enquanto 4% não souberam dizer.
Além disso, um relatório lançado pela FGV mostra que, atualmente, 26% da população brasileira possui mais de 50 anos. Mantendo esse ritmo, a previsão é de que até 2040, cerca de 57% dos trabalhadores terão mais de 45 anos.
Por que as empresas devem abrir espaço para as equipes multigeracionais?
Diante do envelhecimento gradual da população, a perspectiva é que tenhamos cada vez mais equipes multigeracionais no mercado de trabalho. No entanto, para algumas organizações, lidar com essa questão não é fácil, seja pela política interna da companhia ou pelas dúvidas sobre como gerenciar profissionais de diferentes gerações no mesmo time.
“Quando você monta um time onde todo mundo viveu as mesmas experiências ou têm as mesmas habilidades, as chances de você sair do lugar e ter novas visões para solucionar os problemas é muito baixa”, explica a gerente de parcerias estratégicas da Robert Half, Débora Ribeiro.
De acordo com a profissional, “quando as lideranças procuram entender os benefícios que as diferentes gerações trazem, a opinião muda rápido. Além dos resultados serem melhores, o turnover diminui e você cria uma equipe na qual os mais velhos podem servir como um espelho para os mais jovens e vise-versa”.
Flexibilidade é a palavra chave para administrar equipes multigeracionais
Existem empresas que já estão em busca de oferecer a melhor experiência profissional para os seus funcionários. Uma das formas é entender quais as necessidades específicas de cada colaborador.
Trabalhadores que tenham filhos, por exemplo, tendem a priorizar as vagas de organizações que ofereçam plano de saúde. O benefício também é requisitado por profissionais que possuam alguma doença crônica e precisem de um acompanhamento individualizado.
Ao gerenciar equipes multigeracionais, o cenário é semelhante. O primeiro passo é entender que cada profissional terá uma necessidade de vida diferente. Essas diferenças, muitas vezes, podem variar em trabalhadores com a mesma faixa etária.
“A flexibilidade, o olhar individual para cada colaborador, torna a empresa mais atrativa para quem está no mercado de trabalho”, afirma Débora.
A integração também é fundamental
Para as empresas que buscam montar times com diversidade geracional, pensar no onboarding dos novos contratados é essencial.
“As companhias precisam de um onboarding cada vez mais estruturado. A cada turma que entra na empresa, é importante que você colha feedbacks tanto na sequência da pós-integração quanto depois de alguns meses, pois este grupo já estará com um olhar mais apurado sobre a organização”, explica a gerente de parcerias.
Outra forma de entender como os funcionários estão se sentindo sobre a adaptabilidade do novo emprego é por meio das pesquisas anônimas. Esses levantamentos servem não apenas para entender em quais aspectos a empresa deve melhorar, mas também onde a companhia poderá desenvolver ações de diversidade.
Fatos que você precisa saber sobre equipes multigeracionais
1. Combater o etarismo é fundamental
Não se prenda aos estereótipos. No meio corporativo, existe o hábito de pensar que profissionais mais velhos geralmente não irão dominar certos assuntos, como a tecnologia. Ou que os trabalhadores mais jovens estarão antenados a todas as novidades. No entanto, não é bem assim.
“Hoje, uma pessoa mais jovem pode passar por um processo seletivo com menos influência em relação à faixa etária, por conta desses estereótipos criados principalmente em cima dos profissionais com mais idade”, explica Débora.
2. Ter uma comunicação efetiva faz parte do desenvolvimento
Para a gerente de parcerias, “ter uma equipe bem treinada com relação à diversidade de gerações e uma gestão que saiba como criar um ambiente acolhedor, será determinante ao implantar os times multigeracionais”.
“Não adianta você contratar profissionais de diferentes idades se eles não se sentirem à vontade. Às vezes as pessoas não conseguem desenvolver o trabalho delas não porque elas não saibam, mas porque não se sentem confortáveis naquele ambiente. Isso acontece, pois, muitas vezes, a empresa não está preparada para lidar com as diferenças”, completa.
3. Construir times multigeracionais não acontece do dia pra noite
Organizações que estejam começando a lidar com a realidade dos times multigeracionais precisam entender que a adaptação não acontece de uma hora pra outra. Mas isso também não pode ser uma desculpa para que as mudanças demorem a acontecer.
“A criação de políticas internas voltadas pra este tipo de diversidade é muito importante. Se episódios de discriminação acontecerem com frequência, a empresa pode determinar certas advertências. Em alguns casos, precisamos ser intolerantes com algumas intolerâncias”, afirma Débora.
4. Desenvolver um olhar mais empático faz parte
Como você gostaria de ser recepcionado em uma empresa quando estiver com 50, 60 anos ou mais?
“Eu acredito que o mais difícil seja olhar pra você mesmo. Uma pessoa mais jovem geralmente nunca se fez essa pergunta. Mas quando você faz certas reflexões, você percebe que a transformação social começa acontecer mais rápido. Quando olhamos para dentro, fica mais fácil enxergar o todo”, comenta a gerente.
5. A mudança precisa começar agora
Estamos presenciando um cenário de transição. Como Débora explica, “as chances de trabalharmos mais tempo do que a geração dos nossos pais é muito grande, porque a expectativa de vida está aumentando. Futuramente, a tendência é que tenhamos profissionais mais velhos no mercado de trabalho.
“Eu brinco que essa mudança terá que acontecer por bem ou por mal. Mas por mal, a gente sabe que as empresas não terão muitas saídas e será uma transformação forçada. Comece a construir a diversidade geracional na sua companhia. Erros vão acontecer no meio do caminho, mas eles serão necessários”, finaliza.
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