CONTA ALTA | 28.MARÇO.2017

Previsão do custo médico chega a 20% em 2016

O índice de Variação do Custo Médico-Hospitalar (VCMH), utilizado como referência para balizar os custos dos planos de saúde, avança em larga escala desde 2013, quando atingiu 15%, tendo alcançado os 19,7% no início de 2016. Sem indícios de redução, de acordo com as expectativas do Instituto de Pesquisa de Saúde Suplementar (IESS), esse número pode ter encerrado o último ano em 20%, preocupando ainda mais o mercado.

 

Tão alto por quê?

O resultado final, que será divulgado em breve pelo IESS, tem como causas:

/ Fee for service / atual sistema de pagamento das operadoras de saúde aos prestadores de serviço, onde elas acabam por absorver todos os custos do sistema assistencial, no qual se paga por quantidade e não por qualidade do atendimento;

/ Indicadores de qualidade / decorrente da causa anterior, faltam maneiras claras de mensurar a qualidade dos serviços prestados e relacioná-la à formação de preços no mercado suplementar de acordo com seu desempenho assistencial;

/ Ausência de legislação específica / o que abre brechas para casos de corrupção entre fornecedores, como foi o caso da máfia das próteses, danosos ao sistema de saúde como um todo.
/ Envelhecimento / o aumento da expectativa de vida aumenta a presença de doenças crônicas e a demanda por serviços de saúde.

/ Tecnologia / o avanço das pesquisas científicas possibilita a criação e inserção de novas técnicas no cuidado com a saúde, porém toda essa evolução tem um alto custo que é absorvido pelo sistema de saúde suplementar.

 

É possível reverter a situação?

O modelo seguido pelo mercado de saúde suplementar é antigo, formado por uma complexa cadeia de valor na qual corretoras, operadoras, prestadores de serviço e os próprios usuários sofrem pressões de todos os lados e já perceberam a necessidade de mudança desse padrão de funcionamento, que se torna cada vez mais insustentável.

Para o Diretor da Área Técnica, Tecnologia e Operações da It’sSeg Seguros Inteligentes, Carlos Nardone, apesar de ideal, o modelo de remuneração qualitativo está longe de um futuro próximo. Para começar a mudar a situação hoje, cada elo dessa complexa cadeia do sistema de saúde suplementar deve buscar alternativas dentro do seu raio de alcance. “O beneficiário é parte importante dessa cadeia, trabalhar esse elo com foco na promoção da saúde, autocuidado e prevenção da doença, e não na correção dessa, é tão importante quanto mudar o modelo de pagamento, por exemplo, pois é nele, no usuário, que começam a se reverter problemas como o desperdício de recursos de saúde e o avanço das doenças crônicas”, afirma.

Carlos Nardone ressalta que as consultorias devem atuar na gestão estratégica dos benefícios de saúde, gerando indicadores e construindo um modelo de gestão voltado à orientação da importância do autocuidado. Assim, é possível mudar o foco antes na sinistralidade e direcionado para a gestão da saúde da população, e reduzir os custos no longo prazo.