PRODUTIVIDADE | 20.JANEIRO.2021

Presenteísmo: um problema silencioso nas empresas

A produtividade de uma organização está diretamente relacionada ao desempenho das pessoas que nela trabalham. Por esse motivo, estratégias de gestão buscam soluções para problemas de ausência e fatores que desestimulam a equipe. O absenteísmo é algo que pode ser notado facilmente, já que existe a ausência física do colaborador no trabalho. Isso, de certa forma, facilita ações de contingência para suprir sua falta.

Porém, outro problema exige a atenção: o presenteísmo. Silencioso, mas prejudicial, ele afeta os trabalhadores e aos poucos mina a produtividade das empresas.

O que é presenteísmo

O presenteísmo pode ser definido pela presença do funcionário no trabalho, sem que este produza de maneira plena ou de acordo com suas demandas. Em maior ou menor grau, todos podem apresentar esse comportamento. Porém, quando se torna constante, deixa de ser apenas um momento de distração e passa a gerar problemas reais para os negócios.

Nem sempre é fácil identificar as causas do presenteísmo. Entretanto, boa parte está associada a problemas de saúde, organizacionais ou pessoais. Fatores como: gripe, dor crônica, alergia, depressão, transtorno de ansiedade, insônia, sobrecarga de trabalho, dificuldade de relacionamento com colegas de trabalho, incompatibilidade entre valores pessoais e a cultura organizacional, entre outros, podem contribuir com esse fenômeno.

O especialista em liderança Paul Hemp aponta que muitas empresas têm, equivocadamente, destinado serviços de saúde apenas aos casos de absenteísmo. Entretanto, o impacto do presenteísmo na saúde ocupacional indica que os custos com programas de saúde são significativamente inferiores em relação aos prejuízos ocasionados pela baixa produtividade.

Sendo assim, as organizações precisam mapear a saúde dos colaboradores mesmo que ativos, para se antecipar a possíveis problemas e garantir o bem-estar da equipe.

Leia também:

Como construir segurança psicológica em equipes de alta performance

Como criar programas de saúde que funcionam

Custo do presenteísmo nas empresas

No absenteísmo o funcionário não comparece ao trabalho, logo, sua falta é notável e o prejuízo pode ser facilmente verificado. Já no presenteísmo essa percepção é mais difícil, pois o colaborador está presente, enquanto que o dano fica oculto sob os dias em que sua função não é desempenhada da melhor maneira.

No Brasil, estudos sobre o tema ainda são raros, porém, uma pesquisa realizada pela ISMA-BR (International Stress Management Association), há alguns anos atrás, revelou que o custo relacionado ao presenteísmo por doença foi avaliado em cerca de US$ 42 bilhões. Várias áreas foram envolvidas na análise: educação, finanças, indústria, saúde e serviços. O público-alvo englobou profissionais com idades entre 25 e 60 anos.

Nos Estados Unidos, um estudo realizado por Ron Goetzel e outros examinou as dez maiores evidências de custos com a saúde dos trabalhadores. O presenteísmo obteve valor maior do que as despesas médicas, além de representar de 18% a 60% de todos os outros gastos.

O que fazer para evitar o presenteísmo

O presenteísmo não pode ser avaliado como responsabilidade exclusiva do colaborador. Muitas vezes, a própria cultura da organização estimula esse comportamento ao enfatizar, por exemplo, que trabalhem mesmo com problemas de saúde. Ou, que doenças mentais como depressão e ansiedade não são de fato doenças. Esses estigmas fazem com que a pessoa demore mais para reconhecer seu problema e buscar ajuda.

Os líderes são peças-chaves na prevenção do presenteísmo. Isso porque, eles podem perceber quando alguém da equipe não está bem ou está entregando abaixo da sua capacidade. Nessas situações, é importante que o profissional receba suporte para restabelecer seu desenvolvimento e sua saúde física e mental.

Além disso, algumas ações podem ser adotadas pelas empresas para prevenir as causas do presenteísmo e mitigar seus efeitos:

  • Investir em benefícios como assistência médica e psicológica;
  • Implantar programas de qualidade de vida e melhoria do ambiente de trabalho;
  • Elaborar uma estrutura transparente de feedbacks;
  • Implementar ações de treinamento, incentivo e reconhecimento profissional.
Referências: Journal of Occupational and Environmental Medicine, Paul Hemp, BlogRH e “Presenteísmo: as perdas diárias e silenciosas”.